NOTA DO GT DE TEORIA DA HISTÓRIA E HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA DA ANPUH-BRASIL

O GT NACIONAL DE TEORIA DA HISTÓRIA E HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA expressa o seu repúdio, de forma veemente, a mais um ataque e violação às liberdades individuais, à liberdade de cátedra, à pluralidade de ideias, posições e concepções que devem nortear a pesquisa científica e a produção de conhecimento no país, notadamente na área das Ciências Humanas em geral e da História em particular. Essa semana, parlamentares federais, ligados ao governo do atual Presidente da República, produziram e fizeram circular dossiês apócrifos nominando e constrangendo pesquisadores renomados na área das Ciências Humanas no Brasil com a finalidade não só de detratá-los e acusá-los, sem que estivem presentes, sem que soubessem, sem que pudessem sequer se defender (práticas estas só críveis em regimes totalitários e/ou autoritários como as ditaduras, que parece ser o projeto que muitos que fazem parte desse governo querem reviver) com a finalidade de transformá-los em exemplos de uma alegada baixa qualidade e de uma suposta produção de pesquisa militante e doutrinária na área. Tal argumento também é utilizado para justificar cortes de recursos para financiamentos de pesquisas, publicações de periódicos especializados e, sobretudo, para alegar a fusão descabida de agências de fomento à produção de ciência e à formação de pesquisadores no Brasil. O GT de Teoria da História e História da Historiografia não só repudia tais ataques, mas cobra uma resposta veemente das instituições democráticas desse país a essas práticas de cunho autoritário e fascista. Como historiadores, temos o dever de lembrar que ditaduras e regimes autoritários não nascem “do dia para a noite”, eles emergem nos detalhes das pequenas práticas cotidianas, alargando o horizonte de possibilidades de se cometer absurdos. Não é possível normalizar mais esse ataque vil ao conhecimento e àqueles que realizam um trabalho árduo e incansável para produzir ciência nesse país. Nós, historiadores, não nos calaremos em denunciar a censura e em nos contrapor à barbárie. Jamais naturalizaremos ou normalizaremos o horror. Terminamos nos solidarizando com os colegas que foram vítimas dessa violência e cobrando, mais uma vez, respostas enfáticas de nossas instituições a tais atos e práticas intoleráveis em qualquer democracia séria.