Chegamos ao fim de mais um ano, e que ano! Em meio a tantas dificuldades e desafios impostos pela pandemia da COVID-19, é com muita satisfação que a equipe do Boletim Historiar lança a última edição de 2020. Neste número, contamos com textos que versam sobre temas como feminismo, gênero, História Indígena, caboclos, golpe de Estado, História do Tempo Presente e Charges, e prática docente.
O artigo que abre a edição foi intitulado A Representação do Papel da Mulher nas Princesas da Disney: uma análise sob a ótica feminista; nele, Fernanda de Abreu Appolinário e Fernanda Cristina Nanci Izidro Gonçalves realizam uma análise sobre as alterações no padrão de representação do comportamento de princesas da Disney, identificando uma relação com a evolução do movimento feminista no hemisfério ocidental.
Em O Movimento Feminino pela Anistia e a Primavera das Mulheres no Brasil: os usos do gênero como silenciador ou potencializador de ações políticas de mulheres, Luana Borges Lemes e Mariane da Silva examinam dois movimentos sociais protagonizados por mulheres – o Movimento Feminino pela Anistia (1975) e a Primavera das Mulheres no Brasil (2015) –, que possibilitam compreender os diferentes usos políticos das construções de gênero.
A seguir, no texto intitulado Jogo Feira Mebengokre: o uso de um jogo como material didático para o ensino de História Indígena, Emerson Naylton Bezerra Pereira e Maria Luiza Dantas Lins relatam e refletem sobre suas formações como docentes, a partir da experiência que vivenciaram durante a atuação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, no subprojeto História/UFRN – Natal, com a elaboração e aplicação do jogo Feira Mebengokre, concebido com o intuito de realizar uma atividade em que houvesse o protagonismo dos alunos na construção do conhecimento e de desenvolver a compreensão da diversidade dos povos indígenas no Brasil, objetivando desnaturalizar estereótipos.
No quarto artigo da edição, “Árvore é quase bicho, e bicho é quase gente”: os caboclos da América Subtropical e um Buen Vivir alternativo, Claiton Marcio da Silva, Delmir José Valentini e Samira Peruchi Moretto objetivam explorar uma possível aproximação entre o conceito de Buen Vivir e o modo de vida dos caboclos sul-brasileiros. Para isso, discutem como o conceito de Buen Vivir, da forma como foi concebido por intelectuais e movimentos sociais notadamente andinos, e forma mais generalista, poderia ser aplicado aos demais grupos sociais latino-americanos muitas vezes classificados simplesmente a partir do termo populações tradicionais.
Em seguida, Fabrício Ferreira de Medeiros examina a trajetória política de Carlos Lacerda, com o fim de discutir certos impasses da consolidação da democracia brasileira entre as décadas de 1940 e 1960. Nomeado “Nós fizemos a revolução, para perpetuar a democracia, e não para destruí-la a pretexto de salvá-la”: Carlos Lacerda e a crise de 1964, o texto faz uma análise das bases sociais e ideológicas do lacerdismo, das ambiguidades do liberalismo udenista e da modernização da imprensa brasileira, da relação de Lacerda com o getulismo e da crise do regime democrático que culminou com o golpe empresarial-militar de 1964.
Já Kleire Anny Pires de Souza, em História do Tempo Presente e o Golpe de 2016 no Brasil por meio das charges de Carlos Latuff, apresenta uma reflexão sobre o uso de charges como fontes históricas, dentro da perspectiva de análise do tempo presente. Fazendo uso das charges produzidas pelo artista Carlos Latuff, a autora discorre sobre a inclusão das charges como fontes históricas, além de analisar os diversos tipos de charges e seus intuitos após o Golpe de 2016 no Brasil.
Por fim, temos o artigo escrito por Paulo Rogério de Lima e Cesar Augusto Sadalla Pinto, Principais atos normativos da Educação Física escolar brasileira (1822 -1985), no qual os autores analisam os principais atos normativos da Educação Física escolar brasileira no período entre 1822 e 1985, destacando trechos legais que influenciaram a formação e a prática docente ao longo desses anos. O estudo revelou que a Educação Física, mencionada nos atos normativos, estava vinculada aos interesses governamentais de cada época com o intuito de contribuir para formação do modelo de “cidadão” que se pretendia na sociedade brasileira.
Desejamos a todas e a todos um feliz 2021.
Os editores.
Imagem: A Lua (1928) de Tarsila do Amaral
Publicado: 2020-12-28
BOLETIM HISTORIAR
Informações adicionais
- Edição: v. 7 n. 03 (2020): Set./Dez. 2020
- Instituição: Universidade Federal de Sergipe
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