O BRASIL VISTO POR NÓS - QUARTO EPISÓDIO DA SÉRIE BRASIL NO OLHAR DOS VIAJANTES

O que nos define como brasileiros? Qual a origem dos adjetivos que são usados para nos caracterizar e nos diferenciar de outros povos? Que força as expressões como “complexo de vira lata” exercem sobre nosso imaginário?  No mês da Copa do Mundo, evento que atrai a atenção de milhões de pessoas para o Brasil, a TV Senado estreia o último episódio da série Brasil no Olhar dos Viajantes e  propõe uma discussão sobre nossa identidade a partir dos relatos feitos por estrangeiros desde o descobrimento até as grandes expedições científicas do século XIX. 

A série de documentários é composta por quatro capítulos e mostra a influência que esses relatos tiveram na construção da nossa imagem perante o mundo e entre os próprios brasileiros. 

O primeiro episódio resgata as impressões dos estrangeiros sobre um Brasil selvagem, cheio de “todo gênero de feras” e habitado por homens que viviam “como animais irracionais”. Já o segundo, que vai do século XVII ao XVIII, traz informações de um Brasil colonizado, fonte de ouro e riquezas naturais, que exibia os primeiros traços de uma sociedade organizada. O país da “terra boa e gostosa”, das “fontes murmurantes” é, então, descrito como o país dos avarentos, dos preguiçosos, dos corrompidos e dos luxuriosos.

O terceiro e quarto episódios são dedicados ao século XIX, depois da vinda da Família Real, em 1808, e da Abertura dos Portos às Nações Amigas, quando diplomatas, comerciantes, artistas, naturalistas e curiosos de várias partes do mundo invadem o país, colocando fim aos 300 anos de isolamento da colônia. A partir daí, o Brasil torna-se cenário de incontáveis livros e pinturas que apresentavam em detalhes essa terra agraciada por sua riqueza natural e pela beleza de suas paisagens, em contraste com os costumes de sua gente, “alegre”, “cortês”, porém muito “ignorante” e “rude”. 

O olhar estrangeiro sobre a forma de exploração desse imenso território e suas riquezas; sobre as relações sociais fundadas no modelo escravagista; o olhar crítico sobre os costumes dos índios, dos colonos e dos negros podem ser lidos em vários textos desses viajantes. Textos que circulavam pela Europa da época e acabaram tornando-se referências para a elite intelectual brasileira no processo de construção da nossa nacionalidade.

O quarto episódio da série mostra justamente como esses relatos, moldados por uma visão eurocêntrica e por teorias discriminatórias, se transformaram em fontes historiográficas logo após a declaração da independência, em 1822, quando o país precisava consolidar-se como uma nação.

A partir da história de personagens épicos e de textos e imagens raras, o último episódio da série  Brasil no Olhar dos Viajantes  permitirá ao espectador compreender melhor as características que herdamos do passado e a forma como lidamos com elas no presente.

 

ESTREIA DIA 07 DE JUNHO ÀS 21H30

 

INFORMAÇÕES

 

Brasil no Olhar dos Viajantes – Episódio 04 – século XIX

Ano de Produção: 2014

Estreia: dia 07 de junho, às 21h30

Direção: João Carlos Fontoura

Duração (episódio): 59 min

Reprises: 08/06 – 12h30 / 14/06 – 3h30 / 15/06 – 20h30

 

TODOS OS EPISÓDIOS PODEM SER ASSITIDOS NO CANAL DA TV SENADO NO YOUTUBE

 

 

Sinopse: O quarto episódio da série Brasil no Olhar dos Viajantes apresenta as viagens e expedições científicas dos estrangeiros que percorreram o país no século XIX e mostra a influência que seus relatos tiveram na construção da identidade nacional.

 

Texto curto pra divulgação:  No mês da Copa do Mundo, evento que atrai a atenção de milhões de pessoas para o Brasil, a TV Senado estreia o último episódio da série Brasil no Olhar dos Viajantes e  propõe uma discussão sobre nossa identidade a partir dos relatos feitos por estrangeiros desde o descobrimento até as grandes expedições científicas do século XIX.   A série é composta por quatro episódios e mostra a influência que esses relatos tiveram na construção da nossa imagem perante o mundo e entre os próprios brasileiros. 

 

Entrevistados: Jean Marcel de Carvalho, Ronaldo Vainfas, Carmem Lícia Palazzo, Pedro Alvim, Paulo Knauss, Pedro Corrêa do Lago, Carlos Martins, Victor Leonardi, Dirceu Franco, Karen Macknow Lisboa, Maria Angélica Madeira, Mariza Veloso.

 

VEJA AQUI ALGUNS RELATOS DOS VIAJANTES

 

Século XVII e XVIII

01)   “Os pobres selvagens, asseguro-vos, manifestaram uma alegria indescritível com a nossa presença. É um povo já completamente seduzido e conquistado, um povo aberto à verdade e que nos ama e admira infinitamente, a ponto de chamar-nos de profetas de Deus e Tupã.”

Relato do francês Claude D’abbeville, intitulado Chegada dos padres capuchinhos na Índia Nova, denominada Maranhão – 1612

02)   O Brasil, a bem da verdade, não passa de um refúgio de ladrões e assassinos – não se nota, no país, qualquer subordinação, qualquer obediência.”

 

03)   Os costumes nesse país são corrompidos e os homens não ruborizam por nada. As mulheres não são menos debochadas e, publicamente, vivem de maneira completamente desregrada. Os religiosos e padres seculares, além de ignorantes as extremo, mantêm relações públicas com as mulheres .... Temos o vídeo desse relato sem data

RelatoS do francês Le Gentil la Barbinais em suapassagem pela Baía de Todos os Santos em 1717

04)   “Desconhecem, igualmente, qualquer tipo de matrimônio, sendo a lascívia comum entre eles, sobretudo por parte das mulheres, que são além da medida apreciadoras da luxúria. Pode-se ter quantas mulheres se quiser e manter com elas relações carnais independentemente do parentesco, em público e sem qualquer pudor, como verdadeiros animais selvagens”.

 

05)   Os portugueses, conhecidos pela sua avareza, têm o costume, quando um navio entra no porto, de triplicar o preço dos artigos nos seus mercados, da laranja à pipa de vinho”. (p.604) Temos o vídeo desse relato sem data

 

Relatos do francês François Pyrard de Laval em suapassagem pela Baía de Todos os Santos em 1717

06)    “A gente rica (...) nunca anda a pé. Empenhados sempre em encontrar meios para se distinguirem dos homens tanto do resto da América como da Europa, os habitantes daqui têm vergonha de utilizar as pernas que a natureza lhes deu para caminharem. Em geral, deixam-se molemente carregar numa espécie de cama feita de tecido de algodão, suspensa, de ambos os lados, por um grande bastão, que dois negros levam sobre a cabeça ou sobre os ombros.

 

07)   Pelas ruas só se veem as figuras hediondas dos negros e das negras, escravos que a languidez e avareza, muito mais que a necessidade, transplantaram da costa da África para servir à magnificência dos ricos Temos o vídeo desse relato sem data

 

Relatos do francês François Frezier em suapassagem pela Baía de Todos os Santos em 1714.

 

Século XIX

08)   “A tendência geral produzida pela escravidão, examinada nos diversos pontos de vista, é despertar todas as más qualidades em quem administra e em quem é administrado por esse sistema. Por esse sistema o governo permite a desmoralização de seu povo e que as propriedades dos vassalos sejam dirigidas de maneira desvantajosa.”

Relato do viajante Henry Koster no livro Viagens ao Nordeste do Brasil (1817).

 

09)   “... faltam os elementos para grandes progressos; uma população rarefeita, disseminada por imensa superfície, abandonada a si própria, enervada por um clima tórrido, sem emulação, quase sem necessidades, não modifica coisa alguma, não quer e não sabe mudar nada”. 

 

10)   “Ali, não é o calor excessivo que leva os homens à preguiça; eles são indolentes porque necessitam de pouca coisa para viver, não conhecem o luxo e tanto a fecundidade do solo como a doçura do clima não os obriga a despender grandes esforços”. Temos o vídeo  desse relato.

 

Relatos do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire em sua viagem por Minas Gerais e Goiás no ano de 1819.

11)   É de se obervar que [...] as leis sobre a escravidão, de origem remotíssima aliás, transmitiram de geração em geração uma série de privilégios e castigos que se encontram hoje quase sem alteração no Brasil, parte mais moderna do Novo Mundo” 

Relato do francês Jean-Baptiste Debret em Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, publicado entre os anos de 1834 e 1839.

12)   “O maior serviço que o rei poderia prestar aos súditos, no Brasil, seria a distribuição de médicos e cirurgiões competentes pelos diferentes pontos do país, e o estabelecimento de boas escolas, a fim de, gradualmente, dissipar a rude ignorância e cega supertição...”

Relato do alemão Maximilian de Wied-Neuwied publicado em 1820 no livro Viagem ao Brasil nos anos de 1815 a 1817

13)   O barulho e a alegria desenfreada de muitos negros reunidos imprimem a essa festa popular um cunho especial, esquisito, de que somente podem fazer ideia aqueles que tiveram ocasião de observar diversas raças humanas em promiscuidade.

Relatos dos naturalistas alemães Baptiste von Spix e Carl Friedrich Phillipp von Martius publicados na obra Viagem pelo Brasil, entre os anos de 1817 e 1820

 

14)   "Nunca é muito agradável submeter-se à insolência de homens de escritório, mas aos brasileiros, que são tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis as suas pessoas, é quase intolerável! Contudo, a perspectiva de florestas selvagens zeladas por lindas aves, macacos e preguiças, lagos, roedores e oligatores fará um naturalista lamber o pó até da sola dos pés de um brasileiro.”

Relatos do inglês Charles Darwin no livro pesquisas sobre a geologia e a história natural nos vários países visitados pelo H.M.S. Beagle, 1832-1836