A Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) e a Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) repudiam com veemência a mensagem divulgada pelo Exmo. Sr. Presidente da República em que afirma que o governo, através do ministro da Educação Abraham Weintraub, “estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)” sob o argumento que a “função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando [...] depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta [sic].”
A mensagem desmerece os estudos de filosofia e sociologia e qualifica os seus profissionais como “não úteis” à sociedade. Tal afirmação é eivada de preconceitos e desconhecimento do que significa “ciência aplicada”.
Para chegarmos a grandes descobertas científicas é preciso realizar investimentos ao longo de um período de tempo considerável em pesquisa básica. Muitas vezes, essas pesquisas são descartadas até que, um dia, se chegue a alguma descoberta relevante e aplicada. Esse investimento em ciência básica é altíssimo e público em diversos países como EUA, China, Alemanha, Israel, entre outros. No Brasil, inclusive, é garantido pela Constituição. A esse processo de incorporação social da cadeia do conhecimento se dá o nome de Inovação em Ciência e Tecnologia.
Nesses mesmos países que lideram a economia global, a formação transdisciplinar, com inclusão das ciências humanas, é fortemente estimulada porque privilegia-se a atuação profissional com capacidade de reflexão e de adaptação, ética e conhecimento das virtudes públicas.
O filósofo e o sociólogo têm importância na formação dos jovens brasileiros, para além do ensinar a ler, escrever e fazer contas como Vossa Excelência frisou: trata-se de ensinar a pensar e se expressar em diferentes modalidades de raciocínio e linguagens. Consideramos necessário ressaltar que, um dos pilares para o bom funcionamento de uma sociedade, é a capacidade crítica dos seus cidadãos, alcançada, em parte, com a contribuição relevante da sociologia e da filosofia. Como professores da rede básica, eles são fundamentais no ensino do conhecimento da sociedade e na reflexão dos processos vividos, com identificação da própria importância da ciência e da tecnologia nas sociedades contemporâneas.
Essa declaração nos leva ainda a outro ponto: tal afirmativa do Exmo. Sr. Presidente da República e do sr. Ministro da Educação pode deixar transparecer perseguição às cadeiras de Humanidades em geral, e a estas duas em particular, o que é incompatível com uma sociedade de direito e democrática.
É de mais (e não de menos) investimento público e valorização social dos diversos campos do conhecimento científico que o Brasil precisa. O direito ao desenvolvimento nacional é indissociável da ampla oferta e acesso à ciência nas suas diferentes modalidades e áreas de formação e atuação.
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