NOTA DA COORDENAÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO NACIONAL EM HISTÓRIA DA ÁFRICA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA (ANPUH)

Neste cenário de grave pandemia, em que o principal esforço coletivo deveria ser a busca pela saúde e bem estar de todas e todos, somos confrontados pelo acirramento do racismo estrutural e suas políticas de morte, cujas ações resultam no expressivo número de pessoas negras cujas vidas vêm sendo diariamente ceifadas, com destaque para o Brasil e os Estados Unidos. O racismo estrutural impede que a maioria da população negra tenha acesso às condições básicas de higiene e de isolamento social, principais medidas adotadas para conter a disseminação da doença virótica Covid-19. O racismo estrutural naturaliza ações violentas, como as ações brutais de forças policiais, que historicamente fizeram e fazem da população negra seu principal alvo. Nos últimos dias, o isolamento social tem sido rompido em várias cidades do Brasil e do mundo em função de protestos pelo brutal assassinato George Floyd, asfixiado publicamente por um policial nas ruas de Minneapolis, nos Estados Unidos. Longe de ser uma exceção, o caso se assemelha ao assassinato de Joao Pedro Mattos, no Rio de Janeiro, Brasil, dias antes, e aos inúmeros casos que, infelizmente, contabilizamos. O dia 25 de maio de 2020, dia da África, dia especial para nós historiadores dos povos africanos e afrodescendentes, foi marcado também como o dia que Floyd perdeu o direito a sua vida. Solidarizamos-nos com todas e todos cujas vidas têm sido afetadas pela omissão e pela violência do estado e reafirmamos nosso compromisso de trabalhar em favor da afirmação e consolidação de direitos. Para que outras histórias sejam contadas.

Porto Alegre (RS), Recife (PE), Viçosa (MG),
05 de junho de 2020.

José Rivair Macedo
Luiza Nascimento Reis
Thiago Henrique Mota