
Vimos a público manifestar nosso repúdio ao novo modelo de distribuição de bolsas a ser adotado pelo governo com relação a essa agência de fomento, em razão de:
(a) contrariamente ao que se afirma na mídia, o novo modelo (modelo “balcão”) não é uma forma de diferenciar o CNPq da Capes;
(b) o novo modelo tira a autonomia das comissões de avaliação de bolsas dos programas de pós-graduação, uma vez que deixa de apoiar diretamente programas de mestrado e doutorado;
(c) ao adotar a distribuição de bolsa no modelo balcão, retira-se das universidades a autonomia de gestão do recurso bolsa, centralizando na agência o seu direcionamento. Ao fazer isso, a agência privilegia "áreas estratégicas", o que significa excluir áreas fundamentais como a de Ciências Humanas e a de Linguística, Letras e Artes.
(d) ao minimizar o papel das Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes, a agência acaba por negligenciar seu papel fundamental e estratégico que as pesquisas nessas áreas desempenham para:
1. a melhoria da qualidade da educação básica e fundamental, da pesquisa, e, por consequência, da vida dos cidadãos e para a constante defesa de princípios democráticos da diversidade linguística e da cultura nacional.
2. o próprio desenvolvimento de pesquisas de outras áreas, como a Saúde, Engenharias e Ciências da Computação, uma vez que vários dos avanços por elas implementados dependem dos conhecimentos de base gerados, justamente, nas Ciências Humanas, Letras e Linguística.
Por fim, lembramos que sociedades desenvolvidas que investem em Artes e Humanidades formam cidadãos mais includentes e capazes de lidar com diferenças, beneficiando, consideravelmente, o desenvolvimento tecnológico e social de uma nação.
Londrina, 23 de dezembro de 2019.
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll)
Membros do Comitê de Assessoramento Letras e Linguística/CNPq (CA-LL/CNPq)
Subscrevem:
Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil)
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (Anpepp)