NOTA DE REPÚDIO AO ATAQUE SOFRIDO PELA PROFESSORA MARTA ROVAI

O GT Estudos de Gênero da Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) vem a público manifestar seu repúdio ao ataque sofrido pela Professora Marta Rovai (UNIFAL-MG), convidada para uma live organizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no dia 11 de março. Logo no início da conversa com o público, sobre as mulheres e suas interseccionalidades, um grupo de homens fazendo uso de robôs, imagens pornográficas e falas ofensivas invadiu a sala virtual para atacar não apenas a professora, mas todas as mulheres presentes, inclusive a Profa. Larissa Jacheta, organizadora do evento. O ataque às professoras é também um ataque ao conjunto das mulheres, à nossa dignidade, às nossas lutas, à nossa liberdade.

O uso de palavrões, de imagens violentas e de ataques ao direito de voto e da autonomia das mulheres, como ocorreu nesse evento, têm sido uma constante no Brasil e fazem parte do ataque de setores conservadores e misóginos da sociedade brasileira que pretendem, por meio da intimidação, fazer recuar as conquistas e as lutas por direitos no país. São ações que também violam o acesso à educação plural, à ciência e ao debate público em defesa da diversidade contra toda forma de discriminação e violação dos direitos das mulheres.

Expressamos nosso total repúdio contra toda forma de perseguição, constrangimento, violência e tentativas de silenciar ou criminalizar reflexões sobre o sexismo, o racismo, a exploração física, econômica e política. Seguiremos firmes na luta em defesa da informação, da reflexão coletiva voltada a promover a educação de qualidade e a equidade de gênero, de raça e de questões LGBTQI+. Precisamos denunciar as tentativas de normalizar a violência e a desigualdade de gênero e fortalecer o respeito às mulheres, às profissionais da educação, à liberdade de cátedra e à diversidade nas formas de existir, enfrentando o racismo, a misoginia e qualquer manifestação ou ação que busque inferiorizar a dignidade de mulheres brancas, negras, indígenas, trans, seja do centro ou da periferia.

Brasil, 14 de março de 2021.