RESULTADO DO PRÊMIO ELIZABETH

O Prêmio Elizabeth, promovido pelo INCT Proprietas em parceria com o GT Estudos de Gênero da ANPUH/Brasil tem por objetivo trazer à luz a produção de conhecimento sobre o protagonismo feminino nas lutas pelo direito à terra nos países ibéricos. O prêmio é uma homenagem à líder rural paraibana Elizabeth Teixeira.

Em 2022 um total de treze trabalhos (entre dissertações, teses e um artigo) concorreram à premiação. Após avaliação em duas etapas o trabalho vencedor foi a tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), intitulada “Trajetória de vidas entre rupturas e continuidades: histórias de mulheres assentadas em Sidrolândia/MS” de autoria de Cláudia Delboni.

Através da História de Vida de cinco mulheres de diferentes gerações, o trabalho discute a luta pela posse da terra nos acampamentos do MST no Mato Grosso do Sul. Na órbita de suas vivências, tecendo suas as trajetórias como mães e filhas - em distintos contextos políticos e econômicos estadual e nacional - a partir das questões de gênero, raça/etnicidade e classe, a autora trouxe vários elementos que distingue a luta pelo acesso das mulheres à terra em relação à luta dos homens, tais como a violência doméstica; a violência de gênero nos espaços decisórios do Movimento; a interdição de acesso a escola; as jornadas triplas de trabalho; a responsabilidade pela sobrevivência da família; o preconceito dentro dos acampamentos, especialmente sofrido pelas mulheres sem marido ou companheiro; as normas de comportamento reguladas pelo Movimento pautadas em papéis e valores tradicionais de submissão feminina; assim as lutas cotidianas mesclam-se às lutas históricas das mulheres pelo chão de morada e trabalho frente ao patriarcado; por fim, a exclusão da titulação da terra, no caso das casadas, embora elas tenham lutado igualmente e ao lado dos maridos. Merece destaque o olhar muito sensível da autora para as vivências das mulheres e seus enfrentamentos no processo do acampamento e do assentamento, a partir das narrativas de mulheres que cruzam gerações e tempos históricos.

A Comissão Julgadora foi composta pelas seguintes pesquisadoras:

Claudia Maia (Unimontes/ GT Estudos de Gênero) - Presidenta da Comissão
Sandra Helena Gonçalves Costa (IFBA)
Susana Matos Viegas (ICS-Universidade de Lisboa)
Suzana Lopes Salgado Ribeiro (UNITAL)
Rose Elke Debiasi (UFS)
Têmis Parente (UFT)
Tereza Paris Buarque de Holanda (Centro de Trabalho Indigenista)
Maria Filomena Gregori (PAGU/UNICAMP)