CAMINHOS DA HISTÓRIA

Há cerca de umano e meio, a crise da pandemia do coronavírusassola o planeta. Não bastasse o colapso sanitário mundial por si só, no que se refere ao âmbito nacional, ainda enfrentamos uma crise política, à qual tem sido necessário sobreviver diante de um Governo Federal que priorizou a economia, interesses privados e pessoais à saúde da população no combate ao surto da COVID-19. Tal constatação advém de documentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, processo que acompanhamos como um dos poucos bastiões de resistência, em nível institucional, aos conflitos e tensões que afligem um Brasil em coma político e sanitário. Como exemplo, tomemos um extenso relatório do Ministério das Comunicações que mostra que a campanha publicitária sobre a vacinação só ganhou força após a investigação iniciada pelo Senado Federal. Até então, éramos submetidos a postagens que mostravam um aberto apoio à Cloroquina e ao tal propalado “Kit Covid”. Para completar o quadro de desfalecimento brasileiro, simultaneamente, assistimos, atônitos, à ocorrência de um megaevento futebolístico internacional (Copa América 2021) no país. Em decorrência disso, uma intensa pressão política recaiu sobre o atual comandante da seleção brasileira de futebol, cuja continuação no cargo foi posta em dúvida em um momento em que foi alvo de intensa campanha contrária de apoiadores do Governo Federal. Na sequência dos fatos de coação ao qual foi submetido, o treinador acabou continuando no cargo e os jogadores brasileiros decidiram participar do torneio. Tal posição, peranteo macabro número de518.000mortos notificados pela COVID-19, afasta-nos, cada vez mais, de um orgulho nacional que nem mesmo a camisa “canarinho” consegue sustentar.

 

Informações adicionais

  • Edição: v. 26 n. 2 (2021)
  • Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
  • Dossiê: História e Saúde: as interfaces entre a ação pública, as iniciativas da sociedade civil e as inovações tecnológicas