ANPUH Nacional

Editorial - Dezembro de 2019

10 Dez 2019 0 comment
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Nunca sentimos tão fortemente o conceito de aceleração do tempo histórico como hoje. Somada à intensificação das jornadas de trabalho e ampliação das redes de contatos que nos colocam em compromissos simultâneos também na orbe virtual, essa sensação de tempo dessincronizado e acelerado nos põe à prova. De um lado, a multiplicação de atividades em curtos prazos e, de outro, a necessidade de responder às demandas geradas pelas incontáveis agressões que sofremos no campo político, como declarações descabidas de autoridades contra temas sensíveis da história, bem como a sujeitos e grupos vulneráveis. A ANPUH compreende que, não obstante as dificuldades em atender a todas as causas, é preciso responder.

O aumento do número de notas de repúdio é evidência cristalina de que são tempos de combate. Além disso, em novembro, dando continuidade ao projeto “ANPUH Responde”, criamos o Podcast “Historiador responde, historiadora responde”, disponível no canal do Youtube e, em breve, nas demais plataformas que abrigam os podcasts. No primeiro, a historiadora Cláudia Wasserman falou sobre os usos do Ato Institucional nº5, em resposta às ameaças públicas de reedição da censura e perseguição, por mais de um membro do governo brasileiro. No segundo, Ana Carolina Barbosa participou do Podcast da ANPUH discutindo a fala racista e LGBTfóbica de um procurador do Ministério Público do Pará. Os temas variam porque, assim como a história é diversa e inesgotável, as lutas se dão em muitas frentes, basta lembrar que o mês de novembro, reconhecido como mês da consciência negra, fora ele mesmo palco de inúmeras denúncias de racismo, e dezembro adentrou com uma chacina na periferia. O tempo da política, da resposta, das lutas por direitos, é mais acelerado e mesmo o nosso editorial, que era de novembro, se concluiu e chegou apenas em dezembro, trazendo notícias do que fizemos e para anunciar o que virá:

Ainda nesta primeira semana de dezembro, a diretoria da ANPUH se reunirá com as seções regionais e além dos temas tradicionais a serem tratados, reativaremos o Fórum de Ensino de História, com a promoção de debates em três mesas a serem realizadas dia 06 de dezembro. Na primeira, a mesa “A História na Educação Básica – contribuições para o desenvolvimento do pensamento histórico” discutirá o lugar da disciplina na Educação Básica, refletindo sobre a sua importância para a formação de crianças, adolescentes e adultos inseridos na educação oferecida pela Escola, com as presenças de Circe Bittencourt, Helenice Rocha, Renilson Rosa Ribeiro. Na segunda mesa “História e Ciências Humanas no Ensino Médio – interlocuções possíveis”, os debatedores discutirão o lugar da disciplina no Ensino Médio, com Antônio Simplício de Almeida Neto, Arnaldo Pinto Júnior. Finalmente, no período da tarde, realizaremos a plenária: “Lugar da História na Educação Básica/História e Ciências Humanas no Ensino Médio”, conduzida por Tito Barros Leal. As mesas anteriores também terão condução de membros da diretoria, Benito Schmidt e Mariana Esteves, respectivamente. É possível pensar que, no próximo editorial, já no ano vindouro, estaremos lembrando aqui as reflexões e compromissos tomados diante da BNCC e de outros desafios que se interpõem.