GT Histórias Públicas

COORDENAÇÃO (2021-2023)

Bruno Flavio Lontra Fagundes (UNESPAR)

Leandro Araújo Crestani (Secretaria Municipal da Educação de Toledo)

Jiani Fernando Langaro (UFG)

Facebook: https://www.facebook.com/gthistoriaspublicas

YouTube: https://youtube.com/channel/UCrC1dnUU3U8aWqT87Cjp8jg

 

OBJETIVOS E RELEVÂNCIAS

Os objetivos do Grupo de Trabalho (GT) preconizam a importância de aprofun-damento e discussão a mais horizontal possível de textos – diga-se: textos tanto da lite-ratura nacional quanto internacional do campo da História Pública. Não é objetivo do grupo circunscrever a discussão da História Pública à literatura nacional ou a autores (as) brasileiros (as).

A relevância do Grupo de Trabalho justifica-se por fatos reflexivos, como por outros mais pragmáticos, assim como seus objetivos.O grupo foi pensado para tentar abrir o arco de participantes do debate sobre a História Pública brasileira para além da - pre-sumida - centralidade da discussão em torno de Rio de Janeiro, São Paulo e – embora menos - Minas Gerais. Como não poderia deixar de ser para o momento, não há nomes a serem listados da relação de potenciais autores (as) e participantes, mas, uma vez nacio-nalmente homologado o GT, há uma tratativa no sentido de o grupo de trabalho não se fechar, entendendo que “todos (as) são convidados”. Neste sentido, o grupo pretende “dar guarida” a quem não teve a oportunidade de participar das publicações já execu-tadas e/ou mesmo abrir-se a todos (as) àqueles à disposição para o debate. Destacam-se aqui os livros da editora Letra e Voz como principais da discussão nacional:

1. ALMEIDA, Juniele Rabêlo de; ROVAI, Marta Gouveia de Oliveira (Orgs.). Introdução à Histó-ria Pública. São Paulo (SP):Letra e Voz, 2011.
2. ALMEIDA, Juniele R de; MENESES, Sônia (Orgs.) História Pública em Debate. Patrimônio, Educação e Mediações do passado. São Paulo (SP): Ed. Letra e Voz, 2018.
3. MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele Rabêlo de; SANTHIAGO, Ricardo (Orgs.) História Pública no Brasil. Sentidos e itinerários. SP: Letra e Voz, 2016.
4. MAUAD, Ana Maria; SANTHIAGO, Ricardo; BORGES, Viviane T. (Orgs.) Que história pública queremos? São Paulo (SP):Letra e Voz, 2018
5. CARVALHO, Bruno L.P; TEIXEIRA, Ana Paula T. História Pública e Divulgação de história. São Paulo (SP):Letra e Voz, 2019
6. RODRIGUES, Rogério Rosa; BORGES, Viviane (Eds.) História Pública e História do Tempo Presente. São Paulo (SP):Letra e Voz, 2021
7. HERMETO, Miriam; FERREIRA, Rodrigo de Almeida (Eds). História Pública e Ensino de História. São Paulo (SP):Letra e Voz, 2021

E, registra-se, recente publicação pela editora Milfontes, do Espírito Santo:

1. SCHMIDT, Benito Bisso; MALERBA, Jurandir (Orgs.) Fazendo História Pública. Vitória (ES): Ed. Milfontes, 2021.

Em termos de revistas, é de ser registrar que há textos de História Pública em dossiês e seções de artigos livre, ou mesmo encaixados em dossiês de onde (e para onde) se desdobra a História Pública. Faz-se necessário apontar as seguintes publicações:

• Dossiê História Pública (REVISTA ESTUDOS HISTÓRICOS – Fundação Getúlio Vargas – 2014)
• Dossiê História Pública (RESGATE: REVISTA INTERDISCIPLINAR DE CULTURA – Uni-versidade Estadual de Campinas – 2014)
• Dossiê História Pública: escritas contemporâneas de História. (REVISTA TRANSVERSOS – LEDDES – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – 2016)
• Dossiê História Digital: perspectivas, experiências e tendências. Edição especial. (REVISTA OBSERVATÓRIO – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA e UNIVERSIDADE FEDERAL DE TOCANTINS – 2017)
• Dossiê Crise na e da História: desafio à escrita e à reflexão crítica. (REVISTA MARACA-NAN – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – 2018)
• Dossiê Ensino de História e História Pública (REVISTA HISTÓRIA HOJE – ANPUH – Asso-ciação Nacional de História – 2019)
• Dossiê História global e digital: novos horizontes para a investigação histórica. (REVISTA ESBOÇOS – Universidade Federal de Santa Catarina – 2020)
• Dossiê História Oral e Pública: escutas sensíveis em tempos desafiadores (REVISTA CANOA DO TEMPO - Universidade Federal do Amazonas – 2020)

Contextos nacionais – e internacionais – diversos podem trazer perguntas e inda-gações específicas capazes de enriquecer o debate da História Pública – perguntas e in-dagações sobre História Pública que se encontram “perdidas”, muitas vezes, por sua não-incorporação às principais publicações do Brasil sobre o campo. Neste sentido, é objetivo do grupo:

Objetivo Geral do GT:

• Avaliar, na literatura de História Pública brasileira e internacional, aspectos e abordagens que assemelham e diferenciam tais literaturas e suas respectivas concepções de História Publica, assim como discussões feitas em outros ambientes intelectuais que possam trazer vieses de análise existentes e consolidados da literatura de história pública brasileira.

Objetivos Específicos:

• Encontrar material textual - multifacetado e sujeitos a diversas leituras - sobre História Pública em língua estrangeira que, uma vez traduzidos, e lidos, sirvam para dis-cussão entre os membros do Grupo de Trabalho a fim de avaliar cada vez mais como se desenvolvem Teorias e Práticas da História Pública no Brasil e alhures;
• Produzir material para interlocução sobre História Pública entre pesquisadores do Brasil, alojados, ou não, no Grupo de Trabalho (GT), de modo geral para aqueles (as) que tenham interesse nos debates do campo;
• Agrupar pesquisadores já assentados no campo da História Pública para discus-são de trabalhos em execução e textos, assim como alojar aqueles que porventura tenham interesse no tema e que estejam esperando oportunidade de “experimentar” discussões;
• Agrupar pesquisadores e interessados no campo da História Pública que estejam localizados, inclusive, em áreas do Brasil que cobrem o Centro Oeste e o Norte brasilei-ros: aqui, podemos incluir estados como Goiás, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Amazonas, Oeste do Paraná e de Minas Gerais ... e aqueles em que houver historiadores (as) interessados em participar de debates;
• Produzir conhecimento, subsidiando docentes com conhecimento de História Pública, nacional e internacional, disponibilizando-lhes material – discutido no Grupo - para orientações e aulas dentro dos cursos de História – eventualmente de História Pú-blica - assim como para alunos de graduação envolvidos nas disciplinas de História Pú-blica contidas – ainda em processo - no currículo de cursos de Graduação de História.
• Criar um site do GT para alojar discussões, hiper-links de material diverso do grupo e importantes de discussão, assim como para apensar material produzido por membros do grupo ou, mesmo produzido por pesquisadores fora do grupo, mas que se-jam qualificados como importantes para as discussões;
• criar uma revista eletrônica dentro do site;
• criar conta de Youtube para publicar eventos capazes de dar a visualização e au-dição a seus debates em modo on line;
• Gravação de podcasts – em que se debaterão temas importantes da História Pú-blica e disponíveis em canais de serviços de streaming com acesso instantâneo aos deba-tes e discussões on line. Todos os recursos de mídias sociais digitais serão otimizados para divulgação, produção e consumo de conteúdos reflexivos e informativos de História.

A relevância do Grupo de Trabalho tem como suposto uma relação colaborativa: é importante acionar/aproximar-se de públicos que “entendam” a história não como exclusividade de historiadores profissionais acadêmicos, e é importante estar visi-tando a literatura internacional com certa frequência, uma vez que, em experiências de-senvolvidas em outras realidades nacionais (algumas com tradição consolidada!), pode haver discussões iluminadoras de experiências desenvolvidas e/ou a serem desenvolvidas no Brasil.

Se o campo da História Pública é qualificado como um lugar de indefinições (ou múltiplas definições, se quisermos assim), pergunta-se se é necessário definir História Pública, assim como Mauad acredita que História Pública seja mais uma “atitude” do que uma prática. É relevante se discutir o que envolve a ampla discussão que se faz em torno de uma bravata que é a de se encontrar uma definição precisa do que seja a Histó-ria Pública para que sua importância fique estabelecida. Robert Weible indaga se “Defi-nir História Pública é possível, e se é necessário.”

Ainda outro aspecto da relevância do grupo de trabalho ora proposto é o de que a História Pública não só é um campo de reflexão, como é, ainda, um campo de reflexão da História sobre si mesma: seus fins, sua função, o perfil de seus forma-dos, materiais e fontes. Perspectivas como a People’s History britânica, a Applied His-tory (americana, britânica, australiana, canadense etc) não devem ser desprezadas, e a História Pública, como campo de reflexão, pode ser entendida como espaço em que se discutem dilemas e desafios da área de conhecimento histórico.

É relevante que a reflexão recolhida no campo da História Pública historicize a História, afinal se a História é uma “ciência do contexto”, ela, História, também tem his-tória. São vários os contextos em que a História Pública se desenvolve, e perguntar-se sobre estes contextos não só implica pensamento sobre a História Pública, mas também pensamento sobre a História tout court. Se a Teoria da História levanta questões de auto-reflexão sobre o conhecimento histórico, por seu turno a História Pública levanta ques-tões de auto-reflexão da História sobre os conceitos e categorias teóricas com que obser-vam aquelas funções do historiador e da História. A ausência de uma Teoria da História Pública, analisada desde o ponto de vista da Teoria da História tout court, não prejudica a relevância do debate, uma vez que a História Pública acaba “obrigando” a História – e o historiador – a olharem para si mesmos e suas historicidades. Os “públicos da história” não podem ser presumidos – e é relevante que a História Pública indique o que a História “faz com públicos” e como lida com demandas públicas por história/memória/passado. O estudo de públicos entrevistados e pesquisados por si mesmos precisa ser valorizado, e discutido, como atestam trabalhos internacionais como os de Ashton e Kean e Ro-senzweig e Thelen. Isto é muito relevante para este GT. A relevância de um GT de História Pública/Histórias Públicas, assim, chama a atenção para a capacidade de a História pensar a si mesma, numa equação em que a variável “outros públicos” - sem formação e treino acadêmico - não devem ser considerados. Os questionamentos e as problematizações colocadas à História pela História Pública merecem análise detida e sua discussão se justifica, mais ainda, pela necessidade de pesquisar e avaliar o que se faz e se pratica em termos de História Pública em outros países.

Neste processo, para o Grupo de Trabalho é relevante lançar questões importan-tes para o conhecimento histórico e certa identidade profissional do (a) historiador (a). Tomar a História Pública como ambiente de reflexão pode subsidiar com justificativas práticas o conhecimento histórico que não se circunscreva ao conhecimento histórico produzido e divulgado pela e para a universi-dade a e pelo seu legítimo público de historiadores (as). O Grupo de Traba-lho ora proposto resulta de profundas indagações sobre o historiador e sua função social, e de sua participação nos debates públicos – o que pode ser considerado segundo um ponto de vista de práticas, mas também de Teorias, o que joga luz na importância da Teoria da História.

Também será relevante que Grupo de Trabalho faça discussão so-bre alguns temas enfeixados sob a rubrica de História Pública mas au-sentes no Brasil, temas os quais estão pacificados em outros países, mas que, por aqui, seguem quase que interditados. Exemplo: a realidade de países em que há cursos de História e de História Pública, profissionais de História – às vezes chamados “historiadores acadêmicos” - e de História Pública, o que requer discutir por qual motivo não há, na discussão brasileira, muito pouco sobre a existência simultânea de cursos de História e de História Pública, seguido de outro noção que deve ser – a nosso ver – problematizada, qual seja: a de que não se devem os formandos de cursos de His-tória serem treinados segundo suas habilidades para especialidades específicas de atua-ção enquanto futuros historiadores (as) alojados em ambientes de atua-ção que não são, diretamente, o ensino. O que calça, o que fundamenta tama-nha reserva em se discutir isso no Brasil, se a discussão em outros países não só não está interditada, como, até mesmo, serve de ponto de partida para outras discussões de méri-to? Cita-se, aqui, David Glassberg, que desenvolve texto exatamente sobre a convivên-cia e o benefício mútuo que cursos de História [Acadêmica] e de História Pública exer-cem um sobre o outro nos Estados Unidos. Por que não? Esse é debate relevante que o GT pretende fazer.

Relevante que o Grupo de Trabalho discuta questões ainda pouco debatidas no Brasil, ou em processo de crescimento, como mercado de trabalho do historia-dor e empregabilidade, identidade profissional, subjetividades históricas e formatos de cursos de História – problematizando um auto-conceito do histori-ador que se designa militante de uma causa que envolve a consciência crítica para formar alunos-cidadãos capazes de interferir e mudar as realidades. Temas recorrentes de dis-cussão feitas no Brasil no âmbito de História Pública podem ser mencionados: relações de gênero, patrimônio e lugares de memória, usos do passado, ensino de História, mídias e redes sociais, digitalidade, história oral, usos do passado, memórias traumáticas, nega-cionismos.

O Grupo de Trabalho acha relevante compartilhar com a literatura nacional, de acordo com tudo proferido acima até este momento,– cita-se Santhiago (2019), Meneses (2016), Ferreira (2018), Meneses (2018), Silveira (2020) – olhares outros como os de os americanos Roy Rosensweig , Robert Kelley , os britânicos Ludmilla Jordanova e John Tosh , os já citados australiano Graeme Davidson, o francês Henri Rousso, o americano David Glassberg – olhares que trazem várias questões para colaborar com a discussão na literatura nacional, ao se considerar que a História Pública é um campo para reflexões de diversas naturezas, valores e nacionalidades.

Por fim, será relevante para o Grupo de Trabalho indagar-se, a todo tempo, de quais são as possibilidades de se fazer criticamente história para outros públicos, tomados como consumidores – algumas vezes consumidores pecuniários – e avaliar se o historiador como prestador de serviços é, meramente, aquele que “se vende” ao cliente. Seria preciso visitar textos e autores de várias descendências intelectuais e indagar seus textos e projetos. É relevante que o GT ora proposto se debruce sobre questões assim.

Nos diversos autores internacionais, alguns dos quais citamos acima, ao se mover o olhar talvez seja possível descobrir outras leituras possíveis de suas mensagens, e não apenas nos apegarmos a uma ou outra leitura deles disponíveis.