HOMENAGEM DA ANPUH-BRASIL A DOM PAULO EVARISTO ARNS

Neste ano tão difícil para a sociedade brasileira, a despedida de Dom Paulo torna-se ainda mais dolorosa. Mas fica entre nós seu exemplo de grande homem que fez da religião um instrumento de defesa da democracia, dos direitos humanos, da justiça social.

Durante o regime militar demonstrou coragem sem limite para enfrentar os ditadores e seus prepostos: denunciou prisões e torturas, apoiou parentes dos "desaparecidos". Na luta pela redemocratização do país, criou a Comissão de Justiça e Paz e promoveu o culto ecumênico em memória do jornalista Wladimir Herzog e do operário Manuel Dias assassinados pelos agentes da ditadura. Esse ato, assistido por milhares de pessoas na Praça da Sé, significou um marco no processo de abertura política. Por tudo que representou num dos momentos mais difíceis do passado recente, os historiadores terão uma história exemplar para transmitir às novas gerações.

Nesta conjuntura tão adversa que estamos enfrentando, acreditamos que Dom Paulo, certamente estaria nos apoiando na luta contra arbítrio e medidas anti sociais. Certamente se pronunciaria contra as medidas que foram votadas nesta semana por um Congresso insensível às necessidades de uma população carente de educação e saúde. A PEC 241 que limita os gastos públicos nessas áreas durante os próximos 20 anos, compromete, sobretudo, a saúde e o ensino públicos destinados aos filhos das classes trabalhadoras.

Nesta homenagem a Dom Paulo Evaristo Arns, conclamamos os historiadores, que lamentam a partida desse ser humano exemplar, a se pronunciar contra as arbitrariedades e injustiças que ameaçam o futuro deste país.

DIRETORIA NACIONAL DA ANPUH