MOÇÃO “BRASIL, OUTROS 200: OS POVOS INDÍGENAS E O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA”

A Moção “Brasil, outros 200: os povos indígenas e o Bicentenário da Independência” foi aprovada na Assembleia Geral da ANPUH-Brasil, ocorrida no dia 22 de julho de 2021.

Diante da efeméride do Bicentenário da Independência do Brasil em 2022 e considerando os graves ataques aos povos indígenas, representado pelo descaso e negligência das autoridades públicas responsáveis no controle sanitário da COVID-19, pelo desmonte da FUNAI, pela tramitação de reformas constitucionais que visam suprimir os direitos reconhecidos pela Carta Magna aprovada em 1988 e vigorando, pela leniência dos poderes republicanos com as violências perpetradas contra as pessoas e as Terras Indígenas (TIs), o ST Povos indígenas na formação do Brasil oitocentista: pesquisa e renovação historiográfica, o ST Os índios na História: contextos históricos, situações sociais e mobilizações sociopolíticas, o ST Povos indígenas e ensino de história, o ST Povos indígenas, gênero e violências: histórias marginais e o GT Os Índios na História, vêm a público solicitar que a ANPUH Brasil milite pela inclusão dos povos indígenas em fóruns, debates e comemorações do Bicentenário da Independência e apoie a efetiva inserção em todos os âmbitos do ensino básico e do ensino de História (materiais didáticos, currículos e exames nacionais), de forma densa e protagonista em todo o processo histórico, e em perspectivas historiográficas que contemplem as múltiplas dimensões, notadamente como povos originários, expressando grande diversidade étnica, linguística e sociocultural; como povos progressivamente integrados ao sistema social, participando com seus conhecimentos, tecnologias e trabalho para a formação do que hoje chamamos de Brasil; e como povos que vivenciaram processos de extremas violências configuradas como estruturais na formação do Estado brasileiro, como guerras de extermínio, cativeiro e migrações forçadas, subalternizações e invisibilizações, cujas histórias e memórias não devem continuar sendo ignoradas ou contornadas pela historiografia comprometida com a verdade, por meio de narrativas que reconheçam os povos indígenas na História do Brasil, na defesa de um ensino de História crítico, formativo da cidadania, repudiando os ataques às liberdades democráticas, contra todas as formas de violências, desigualdades e injustiças sociais, promovendo a educação para as relações étnico-raciais, com o reconhecimento de um país plurilinguístico, pluricultural a partir das sociodiversidades indígenas.