REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA - CHAMADA DE ARTIGOS

A Revista Brasileira de História convida para submissão de artigos ao dossiê:

História de mulheres nas Relações Internacionais no século 20 

Organizadores: Nathália Henrich (PUCRS) e Itzel Toledo García (UMSNH, México)

Vol. 45; N. 98 – jan.-abr. 2025

Prazo para submissão de artigos: 15 a 30 de julho de 2024

 

Ementa: 

Histórias de mulheres nas Relações Internacionais no séc. XX

O século XX marca a entrada definitiva das mulheres na arena internacional como agentes diplomáticas e assumindo funções oficiais. Desde o período entre guerras até o presente, mulheres em várias partes do globo passaram a representar seus países ocupando postos nos altos escalões dos órgãos gestores da política exterior, no âmbito das relações bilaterais - nos consulados, legações e embaixadas - e multilateralmente, em postos nas organizações internacionais. Enquanto algumas mulheres serviram como diplomatas e cônsules de carreira, outras foram nomeadas como representantes pelas mais altas autoridades políticas de seus países para cargos de confiança. Além disso, desde as últimas décadas do século XX, há mulheres à frente dos ministérios das Relações Exteriores de seus países. Na última década, vimos o aumento da disposição de alguns governos, como o sueco, francês, canadense e mexicano, entre outros, de adotar uma política externa feminista. Esses governos falam em incluir, entre outras questões, uma visão feminina no exercício da política internacional e alcançar a igualdade na presença de mulheres e homens em diferentes posições diplomáticas e consulares. As barreiras legais, culturais e socioeconômicas que encontraram em suas carreiras persistem, fazendo com que o caminho para a equidade ainda seja longo. Apesar dos avanços, sem dúvida, o aumento da presença das mulheres na política internacional tem sido lento e gradual.
A presença feminina na diplomacia – entendida em sentido amplo – é, no entanto, anterior. Diversas mulheres realizaram importantes atividades em prol da política externa de seus países desde o final do século XIX - e seguem o fazendo até os dias atuais - mesmo sem uma posição oficial. Esse trabalho tem sido pouco reconhecido pelos Ministérios das Relações Exteriores, mas é essencial para que seus maridos/pais/filhos/irmãos desempenhem suas tarefas de forma frutífera. As esposas, filhas, mães e irmãs de diplomatas e cônsules ajudaram a organizar múltiplas atividades sociais e filantrópicas, contribuindo diretamente com o trabalho da diplomacia. Ao mesmo tempo, várias dessas mulheres também atuavam como verdadeiras funcionárias do serviço diplomático, embora sem reconhecimento oficial, atuando como secretárias, tradutoras, intérpretes, entre outras funções.
Da mesma forma, as mulheres têm desempenhado um papel importante na conformação das áreas de estudo que lidam com a análise da política internacional: História Diplomática, Direito Internacional e Relações Internacionais, entre outras. Ao longo do século 20, foram autoras de análises sobre variados temas sem que seu trabalho fosse considerado parte do cânone de disciplinas que ajudaram a delinear.
Como apontam Karin Aggestam e Ann Towns , há uma “virada de gênero” na pesquisa sobre diplomacia. Nas últimas duas décadas houve um aumento no número de estudos sobre as mulheres nas relações internacionais, mas o foco tem sido no seu trabalho em legações e embaixadas ou nos diferentes organismos internacionais. Falta ainda, no entanto, conectar e comparar estes casos com os das mulheres que atuaram em consulados ou que escreveram e pesquisaram sobre política internacional. Ao mesmo tempo, há ainda muito para avançar nos estudos sobre os casos de mulheres que, como parentes de diplomatas, contribuíram para o trabalho diplomático e para a resolução de tensões internacionais. Essa é uma questão que Paula Bruno, Alexandra Pita e Marina Alvarado também apontaram ao estudar mulheres argentinas, chilenas e mexicanas que contribuíram para o campo diplomático de meados do século 19 até meados do século 20. Não há até o momento, obra semelhante que analise casos de mulheres brasileiras. Esperamos com este dossiê, além de trazer as contribuições mais recentes deste campo para o Brasil, atrair propostas que incorporem objetos de pesquisa nacionais.

Os possíveis tópicos a serem explorados incluem, mas não estão limitados a:
1. A presença das mulheres nos Ministérios das Relações Exteriores
2. O trabalho das mulheres nas Embaixadas e Consulados
3. Atividades das mulheres em organizações internacionais
4. Contribuições das mulheres para a história diplomática, direito internacional, relações internacionais e outras áreas acadêmicas relacionadas
5. Atividades sociais das mulheres na diplomacia
6. O papel das mulheres familiares de agentes diplomáticos



History of Women in Foreign Affairs and Diplomacy in the 20th Century


The 20th century marks the entrance of women into global affairs as diplomatic agents with official roles. From the interwar period to the present-day, women from around the world have started taking an active role representing their countries, reaching the highest levels of foreign affairs policy making, working in consulates, legations, embassies, and international organizations. While some women have served as diplomats and consuls, many others were politically appointed for strategic positions by their national governments. Beginning in the last decades of the 20th century, women have started to take on the roles of Secretary of State, Minister of Foreign Affairs and other similarly relevant high-ranking positions in the state bureaucracy. In the last decade, particularly, we have observed how some national governments, such as the Swedish, French, Canadian and Mexican, have adopted a feminist foreign policy which consists of including women’s point of view in the exercise of international politics and in working to achieve gender equality in diplomatic and consular positions. The legal, cultural and socioeconomical barriers faced by professional women in the field persist, nevertheless. Despite the growing number of women professionals in international politics, the changes have been slow and gradual, making the path to true equality slow.
However, the presence of women in professional diplomacy is not anything new if we consider it broadly. Countless women have worked diligently for their countries’ foreign policy – and still do – even without holding an official title or position. Their work has been largely ignored by the Ministries and Secretaries they aid even though they are essential for the success of their husbands/fathers/sons/brothers’ job. The wives, daughters, mothers and sisters of diplomats and consuls have helped to organize numerous social and philanthropic activities, which greatly assisted diplomacy. At the same time, a sizable number of them have acted as if they were truly members of the diplomatic service, performing the duties of secretaries, translators, assistants, among other tasks, despite having no official recognition or pay. Women have similarly made their mark in the academic fields that study international politics, such as Diplomatic History, International Law and International Relations, to name only a few. Although women have authored seminal works, their work is rarely considered part of the canon in the fields they frequently have shaped.
As Karin Aggestam e Ann Towns have noted, there is an ongoing “gender turn in diplomacy”. In the past two decades there has been a significant growth in research on women in international relations, but they tend to focus on their work as official diplomatic agents, as either national representatives in the embassies or in international organizations. The field has yet to connect and compare these cases with the women who worked in consulates or who researched and wrote about international politics. There is also a long way to go to further advance in the study of women who, as diplomats’ relatives, assisted diplomacy and eased resolution of international tensions. These questions were addressed by Paula Bruno, Alexandra Pita and Marina Alvarado in their study of Argentinian, Chilean and Mexican women who acted in diplomacy in the 19th and 20th centuries. Considering that there is no similar work on Brazilian women, we hope that this special issue will not only attract contributions to the most recent international scholarship on the topic, but also to attract proposals that incorporate national figures.


Possible topics include but are not limited to:
1. Women in Ministries of Foreign Affairs and similar institutions
2. The work of women in Embassies and Consulates
3. The work of women in international organizations
4. Women’s contributions to Diplomatic History, International Law, International Relations, and other related fields
5. Social activities of women in diplomacy
6. The role of female relatives of diplomats and diplomatic agents



Historias de mujeres en el ámbito de las relaciones internacionales en siglo XX


El siglo XX marca la entrada definitiva de las mujeres en la arena internacional como agentes diplomáticos representando a sus países en roles oficiales. Del periodo de entreguerras a la actualidad, mujeres en diversas partes del globo han ingresado a los servicios exteriores y representado en altos rangos a sus países tanto a nivel bilateral en consulados, legaciones y embajadas como a nivel multilateral en organismos internacionales. Mientras algunas mujeres han fungido como diplomáticas y cónsules de carrera, otras han sido designadas como representantes por las más altas autoridades políticas de sus países. Además, desde las últimas décadas del siglo XX algunas mujeres han estado a cargo de los ministerios de relaciones exteriores de sus países. En la última década hemos visto el aumento en la voluntad de algunos gobiernos como el sueco, el francés, el canadiense, el mexicano, entre otros, de ejercer una política exterior feminista. Dichos gobiernos hablan de incluir, entre otras cuestiones, una visión femenina al ejercer la política internacional y en lograr una equidad en la presencia de mujeres y hombres en diferentes cargos diplomáticos y consulares. Sin duda, la presencia de las mujeres en la política internacional ha sido paulatina. Ellas han tenido que lidiar con barreras legales, culturales y socioeconómicas para ejercer sus carreras y el camino hacia la equidad es aun largo.
Aunado a ello, distintas mujeres han realizado importantes actividades en favor de la política exterior de sus países desde finales del siglo XIX hasta la actualidad sin un cargo oficial. Esta labor prácticamente no ha sido reconocida por los Ministerios de Relaciones Exteriores, pero las acompañantes de diplomáticos han sido fundamentales para que sus esposos/padres/hijos/hermanos realicen sus tareas de manera fructífera. Las esposas, las hijas, las madres y las hermanas de diplomáticos y cónsules han ayudado a organizar distintas actividades sociales como festejos nacionales, voluntariados y recolectas, colaborando directamente para el quehacer de la diplomacia. Al mismo tiempo, varias de esas mujeres también operaban como verdaderas funcionarias del servicio diplomatico, aunque sin el reconocimiento oficial, actuando como secretarias, traductoras, intérpretes, entre otros roles.
Asimismo, las mujeres han tenido un papel importante en la configuración de las áreas de estudio que se ocupan en analizar la política internacional de los países: la Historia Diplomática, el Derecho Internacional y las Relaciones Internacionales. A lo largo del siglo XX, mujeres en distintas academias escribieron análisis sobre las guerras, la paz, los derechos humanos y su obra pocas veces ha sido considerada como parte del canon. Además, paulatinamente las mujeres se integraron a la academia donde además de hacer actividades de docencia promovieron la creación de programas de posgrado.
Como señalan Karin Aggestam y Ann Towns, quienes hablan de un giro de género en la investigación sobre la diplomacia, en las últimas dos décadas ha existido un incremento en el estudio de mujeres en las relaciones internacionales, pero el foco se ha puesto, por un lado, en la labor de mujeres a cargo de legaciones y embajadas y, por otro, en distintos organismos internacionales, faltando conectar y comparar estos casos con el de mujeres que laboraron en consulados y que escribieron sobre la política internacional. Además, falta un mayor estudio de casos de mujeres que como familiares de diplomáticos han contribuido a la labor diplomática y también a resolver tensiones internacionales. Esta es una cuestión que también han señalado Paula Bruno, Alexandra Pita y Marina Alvarado al estudiar mujeres argentinas, chilenas y mexicanas que contribuyeron al ámbito diplomático de mediados del siglo XIX a mediados del siglo XX.
Este dossier temático busca presentar casos de mujeres alrededor del globo que han contribuido a las relaciones internacionales desde la práctica en ministerios de relaciones exteriores, legaciones y embajadas, consulados y organismos internacionales hasta la teoría en trabajos académicos. Al mismo tiempo son bienvenidos los trabajos que exploren el papel de las mujeres familiares de diplomáticos, consules y demás funcionarios operadores de la diplomacia profesional. Con ello, el objetivo es explorar el abanico de actividades que han realizado las mujeres en el ámbito de las relaciones internacionales, se demostrará su importante labor como agente internacional.

Los posibles temas a explorar incluyen, pero no se limitan a:
1. La presencia de mujeres en Ministerios de Relaciones Exteriores
2. La labor de mujeres en embajadas y consulados
3. Las actividades de mujeres en organismos internacionales
4. Los aportes de mujeres a la Historia Diplomática, el Derecho Internacional, las Relaciones Internacionales y otras áreas académicas afines
5. Las actividades sociales de mujeres en la diplomacia
6. El papel de las mujeres familiares de agentes diplomáticos